Menos frequentes, mas não menos importantes, algumas alterações morfológicas da cavidade uterina podem causar infertilidade e devem ser levadas em consideração por mulheres que estejam tentando engravidar.
O fator uterino é menos frequente quando comparado a outras causas de infertilidade. No entanto, diversas condições podem afetar o útero e causar deformidades morfológicas dentro do órgão, o que pode dificultar a gravidez ou causar abortos repetidos.
Miomas uterinos
Os miomas uterinos são tumores benignos que crescem no músculo do útero. São muito comuns, especialmente em mulheres entre 30 e 50 anos. A maioria das pacientes que apresentam miomas é assintomática e não requer tratamento. No entanto, alguns subtipos de miomas, dependendo do tamanho, localização e grau de acometimento da camada endometrial (camada que reveste o útero por dentro), podem estar associados à infertilidade ou a abortos recorrentes.
Pólipos endometriais
Os pólipos endometriais são estruturas que crescem de forma anômala no revestimento interno do útero, chamado endométrio. Eles se desenvolvem quando o endométrio cresce excessivamente, formando uma protuberância em forma de dedo ou cogumelo na parede do útero. Os pólipos podem afetar a fertilidade ao comprometer a qualidade e o funcionamento do endométrio, tornando-o menos adequado para a implantação e desenvolvimento do embrião.
Sinéquias uterinas
Também conhecidas como aderências uterinas, são cicatrizes que se formam dentro da cavidade do útero. Elas podem ocorrer após um procedimento cirúrgico, como uma curetagem, ou como resultado de uma infecção uterina. As sinéquias podem causar infertilidade ao distorcerem a cavidade uterina e impedirem a implantação adequada do embrião.
Malformação uterina
São alterações congênitas na formação do útero que podem levar a deformidades estruturais e, consequentemente, afetar a capacidade de gestação. Essas malformações podem incluir septos (paredes internas que dividem o útero), ausência parcial ou completa do órgão, entre outras. Elas podem dificultar a implantação do embrião, causar abortos espontâneos ou interferir no desenvolvimento do feto. Em alguns casos, também podem gerar problemas na posição fetal, aumentando o risco de parto prematuro.
Como diagnosticar alterações uterinas?
Essas distorções podem dificultar a fixação dos embriões no útero, sendo necessária uma avaliação detalhada do órgão por meio de exames de imagem. Entre os métodos utilizados estão ultrassom, histerossalpingografia, histerossonografia, histeroscopia e/ou Ressonância Nuclear Magnética da pelve.
Entre todas as opções, a histeroscopia é considerada o melhor exame, pois permite visualização completa e direta da cavidade uterina. Uma microcâmera é introduzida dentro do útero, possibilitando ao médico identificar possíveis deformidades que possam causar infertilidade.
Alterações uterinas têm tratamento?
Os tratamentos disponíveis para correção das alterações uterinas são, em sua maioria, cirúrgicos, e o tipo de procedimento mais adequado depende do diagnóstico. As técnicas mais utilizadas são minimamente invasivas, como histeroscopia cirúrgica e videolaparoscopia, que apresentam altas taxas de sucesso, dependendo do caso.
Nota: por se tratar de fatores biológicos, físicos e individuais de cada paciente, a realização do tratamento não é garantia de gravidez.