O Aborto de Repetição e a Falha de Implantação na Fertilização in vitro são dois grandes desafios da reprodução humana na atualidade e atingem de 15% a 20% das mulheres. Avaliar, tratar e concretizar uma gestação saudável para mães e bebês são os grandes compromissos da Vivitá com suas pacientes.
Para todos, mas principalmente para os casais que estão na luta pela gravidez, esta é uma situação extremamente dolorosa. Porém, apesar disso, temos que saber que qualquer mulher que engravida pode ter a interrupção da gravidez e que isso não quer dizer que isto possa acontecer novamente.
Assim, classicamente se conceitua aborto de repetição a situação das mulheres que tiveram 3 ou mais interrupções da gestação consecutivamente. Neste caso, estaria indicada uma investigação rigorosa de possíveis causas para isto estar acontecendo.
Com relação a falha de implantação na fertilização “in vitro” (FIV), não há um conceito clássico que defina tal acontecimento. Na Vivitá- Clínica de Reprodução Humana, consideramos que todas as pacientes que tiveram bons embriões transferidos ao útero e não obtiveram gestação podem estar sendo vítimas de possíveis fatores que levam a falha de implantação e, portanto, merecem ser investigadas como tal.
Causas e Investigação Diagnóstica
A falha de implantação na fertilização “in vitro” (FIV) e o abortamento de repetição têm as mesmas causas e, portanto, devem ser investigadas da mesma forma.
As causas e os exames para investigar cada uma delas estão listados a seguir:
1. Alterações uterinas
O útero é um órgão fundamental no processo gestacional. Como costumamos dizer, o útero é a “casa do bebê”. Se a casa não for adequada, o embrião pode não se desenvolver, resultando em falha de implantação na fertilização “in vitro” (FIV).
As alterações uterinas mais comuns são:
- Miomas, principalmente os que atingem diretamente o endométrio (miomas submucosos);
- Pólipos endometriais;
- Adenomiose;
- Septos uterinos;
- Malformações uterinas (útero bicorno, didelfo, rudimentar, infantil ou ausência de útero);
- Doenças inflamatórias, como endometriose e endometrite.
Exames indicados para investigação uterina:
- Ultrassom transvaginal com preparo abdominal;
- Histerossonografia;
- Histeroscopia;
- Ressonância Magnética com preparo abdominal.
2. Alterações Hormonais
Alguns hormônios são essenciais para o processo gestacional e, quando alterados, podem causar falha de implantação ou aborto de repetição. Os principais exames hormonais são:
- Prolactina aumentada: pode prejudicar a receptividade endometrial;
- TSH: hiper ou hipotireoidismo aumentam risco de falha de implantação e aborto;
- Hormônios androgênicos (testosterona, androstenediona, DHEA, SDHEA): comuns em SOP e associados a falhas;
- Progesterona: níveis insuficientes dificultam implantação e podem causar abortos.
3. Trombofilias
Trombofilias são alterações na coagulação do sangue que levam à hipercoagulabilidade. Isso pode comprometer a chegada de sangue ao embrião, prejudicando seu desenvolvimento e aumentando o risco de aborto.
Exames para avaliar trombofilias:
- Mutação do Fator V Leiden;
- Mutação da Protrombina;
- Mutação da MTHFR;
- Anticardiolipinas IgM/IgA/IgG;
- Anticoagulante Lúpico;
- Antitrombina III;
- Homocisteína;
- Proteína S;
- Proteína C;
- Beta-2 Glicoproteína;
- Mutação do gene PAI-1.
4. Fatores Imunológicos
Alterações imunológicas podem causar aborto recorrente ou falha de implantação. Exames recomendados:
- Anti-peroxidase tireoidiana;
- Anti-tireoglobulina;
- FAN.
5. Fatores Genéticos
A maior parte das perdas gestacionais e falhas de implantação em FIV tem origem genética. Isso ocorre devido a alterações na formação dos embriões, mas não significa que todos os embriões de um casal serão afetados.
Exame indicado para o casal:
- Cariótipo com banda G.
Interpretação:
- Se o cariótipo de um dos pais estiver alterado → é indicada a análise genética dos embriões por NGS antes da transferência;
- Se o cariótipo do casal for normal, mas houver falhas repetidas → é possível realizar análise genética dos embriões por CGH array antes da transferência.
6. Individualização da Receptividade do Endométrio
Algumas pacientes apresentam falhas de implantação mesmo com exames normais e tratamentos corretos. Uma possível causa é uma “janela de implantação” diferente do padrão.
O exame ERA (Endometrial Receptivity Array) permite identificar o momento exato em que o endométrio está receptivo, analisando seu perfil genético por meio de uma biópsia.
Se o resultado for:
- Receptivo: a transferência segue o protocolo habitual;
- Não receptivo: indica janela deslocada → pode requerer nova biópsia em outro ciclo.
Importante: este exame é indicado apenas para um grupo seleto de pacientes com histórico de falhas de implantação.
Nota: por se tratar de fatores biológicos, físicos e individuais de cada paciente, a realização do tratamento não é garantia de gravidez.